As joaninhas têm uma função ecológica importante, ao alimentar-se de outros pequenos insectos que podem destruir as plantas (AA)
Um quinto da população mundial de invertebrados está seriamente ameaçada pela pressão humana sobre os recursos naturais, ameaças que vão desde a perturbação do habitat ao aumento da temperatura, segundo o relatório publicado pela Sociedade Zoológica de Londres.
Os pesquisadores pedem mais estudos das populações vulneráveis para ajudar na implementação de planos de conservação de sucesso para os invertebrados que lutam para sobreviver.
Os invertebrados representam quase 80% das espécies que povoam o planeta e o perigo em que se encontram é preocupante, atendendo a que a humanidade depende deles para a sua sobrevivência.
O estudo analisou mais de 12 mil invertebrados que fazem parte da lista vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), tendo concluído que as espécies de água doce estão em maior risco de extinção, seguidas de perto por invertebrados terrestres e marinhos. Mesmo assim, verificou-se que a ameaça contra os invertebrados é semelhante à que existe contra os vertebrados e as plantas.
Estima-se que existam 126 mil espécies de invertebrados de água doce em todo o mundo, incluindo moluscos e insectos, como libélulas. Das incluídas na lista vermelha da IUCN, 35% são consideradas ameaçadas e 131 espécies estão listadas como extintas.
De acordo com o relatório, muitas das ameaças destas espécies de água doce resultam da contaminação das águas causada pelos resíduos agrícolas e industriais e, ainda, esgotos domésticos, para além da construção de represas que pertubam o habitat. As espécies invasoras constituem outro perigo que enfrentam estas espécies.
Libelinha, insecto associado à água doce. Os invertebrados de água doce estão entre os mais ameaçados pela pressão humana - Crédito: wikipédia
Os cientistas recordam que estes invertebrados são importantes em ecossistemas que beneficiam os seres humanos, eles são bons a filtrar a água e a reciclar nutrientes.
Segundo o relatório, a situação dos invertebrados marinhos não é muito clara, pois o sistema marinho é o menos conhecido. No entanto, enfrentam a grande ameaça da acidificação dos oceanos.
Entre as espécies marinhas analisadas, os pesquisadores mostram-se mais preocupados com aquelas que são exploradas pelo homem, como lagostas, caranguejos e crustáceos. Os cientistas também alertam para a necessidade de investigar outros grupos, como o icónico Nautilus, um fóssil vivo, que é muito procurado pela sua concha e como animal de estimação. O Nautilus conseguiu sobreviver durante milhões de anos, mas pode estar particularmente vulnerável pela sua pequena população e baixa taxa de reprodução.
O Nautilus é uma espécie marinha fóssil, em perigo pela grande procura da sua bonita concha - Crédito: wikipédia
Em terra, os invertebrados como insectos, moluscos e vermes constituem 96% de todas as espécies conhecidas e são considerados os arquitectos de muitos serviços neste ecossistema.
Os insectos desempenham um papel fundamental na polinização das plantas, muitas das quais alimentam os seres humanos. Em muitas partes do mundo, invertebrados terrestres fazem parte da dieta alimentar de povos. Eles fazem partem de sistemas que reciclam nutrientes e sistemas florestais que armazenam o carbono.
As abelhas são essenciais na polinização das plantas (AA)
O relatório alerta para a necessidade de protecção dos invertebrados e chama a atenção para o valor económico dos invertebrados. O trabalho dos invertebrados tem um peso enorme na economia global e isso não é tido em conta quando se tomam as decisões.
Os invertebrados não os animais mais visíveis, e as pessoas tendem a esquecer a sua importância. "Conservar os invertebrados pode ser caro, mas ignorar a sua situação pode sair mais caro", alertam os cientistas.
Fonte: Sociedade Zoológica de Londres via BBC
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