Delta da cratera Jezero, em Marte, onde o satélite Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, detectou argilas e carbonatos. Para além dos minerais de argila, há outros sinais de que o jovem planeta teve água na sua crosta, incluindo sistemas fluviais extensos e lagos - Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/JHU-APL
O debate sobre Marte e as suas possíveis condições de vida no passado acaba de receber um novo impulso. Os minerais de argila hidratados detectados na sua superfície têm sido interpretados como resultantes da presença de água liquida, indicando um clima mais quente e húmido no passado. Mas um novo estudo propõe que esses minerais têm origem na actividade vulcânica inicial no planeta vermelho, o que torna algumas regiões menos favoráveis à vida.
Observações de satélites, em órbita de Marte, permitiram detectar grandes depósitos de minerais de argila que têm sido explicados pela presença de água, talvez na superfície, há mais de 3,75 biliões de anos atrás. Os minerais resultam da erosão provocada pela água. Isto significava que o planeta era quente o suficiente para conter água líquida, necessária para a vida como se conhece.
No entanto, uma pesquisa realizada em rochas do Atol de Atol de Mururoa, na Polinésia Francesa - antigo local de testes da bomba atómica - permitiu verificar que elas continham minerais de argila semelhantes aos do planeta vermelho.
Mas, enquanto as argilas marcianas resultam da erosão das rochas pela água líquida, as argilas do atol formam-se por precipitação, durante o arrefecimento da lava rica em água.
De acordo com os resultados, os cientistas consideram que os depósitos de argilas em Marte estão mais associados a fluxos de lava do que à erosão de rochas pela água líquida.
Se esta teoria estiver correcta, ela implica que Marte na sua fase inicial não era tão quente e húmido, como muitos pensam, mas, possivelmente, seria um planeta hostil e com frequentes explosões vulcânicas, pouco favorável à vida, e numa altura em que se desenvolvia a vida na Terra.
A pesquisa, liderada pelo Prof. Alain Meunier, da Universidade de Poitiers, na França, foi publicada na revista Nature Geoscience.
Imagem das rodas do Curiosity tendo, ao fundo, a encosta mais baixa do Monte Sharp onde o robô vai investigar a presença de minerais de argila. Imagem captada pela câmara MAHLI, em 9 de Setembro de 2012 - Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems
Entretanto, enquanto se discute a formação das argilas marcianas na Terra, os dois robôs da NASA procuram encontrá-las em Marte, onde foram detectadas pelos satélites, independentemente da sua origem. Opportunity, no seu oitavo ano de actividade, encontra-se junto à cratera Endeavour e o Curiosity, que pousou na cratera Gale há um mês, ainda tem um longo percurso a fazer até à base do Monte Sharp, onde também se supõe existirem minerais de argila.
Fonte: BBC news e Cosmos
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