Ilustração mostrando um disco protoplanetário de gás e pó sendo atraído pelas poderosas forças de gravitação do buraco negro do centro da nossa galáxia Via Láctea - Crédito: David A. Aguilar (CFA)
Astrónomos descobriram uma nuvem de gás - hidrogénio e hélio - e poeira que está a ser devorada pelo gigantesco buraco negro do centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Eles dizem que essa nuvem representa os restos de um disco de formação planetária orbitando uma estrela invisível, o que sugere que os planetas também se podem formar nos núcleos galácticos. ´
A Via Láctea, como muitas outras galáxias, também esconde no seu centro um buraco negro supermassivo, de nome Sagittarius A*, e com uma massa cerca de 4,3 milhões de vezes a do Sol.
A nuvem em questão foi descoberta no ano passado por uma equipa de astrónomos, utilizando o Very Large Telescope, no Chile. Eles sugeriram que se formou quando o gás fluindo de duas estrelas próximas colidiu.
Agora, os cientistas explicam que a nuvem é o disco protoplanetário em torno de uma estrela de baixa massa. As estrelas jovens podem reter à sua volta um disco de gás e poeira durante milhões de anos. Se uma dessas estrelas se aproximar do buraco negro central da nossa galáxia, as forças de gravidade rapidamente rompem o disco de matéria circundante.
Aparentemente, a estrela veio do anel de jovens estrelas que orbitam Sagittarius A* e está a dirigir-se para o buraco negro numa órbita elíptica. É muito pequena para ser observada directamente, mas o seu disco de poeira está a ser destruído e os cientistas conseguiram detectar os detritos resultantes.
À medida que a estrela se aproximar do buraco negro durante o próximo ano, mais material será arrancado do disco protoplanetário e que será devorado pelo buraco negro, fazendo-o aquecer a altas temperaturas e Sagittarius A* vai brilhar em raios X. Actualmente parece um pouco "adormecido", emitindo pouca luz.
O centro da Via Láctea, ou de outras galáxias, é bastante inóspido e não parece ser um lugar com condições para a formação de planetas. As jovens estrelas quentes e massivas que vivem na vizinhança, geralmente explodem em supernovas, espalhando na região ondas de choque e radiação intensa. As poderosas forças de gravitação do buraco deformam o próprio espaço.
No entanto, a existência de discos protoplanetários perto do centro da galáxia sugere que podem formar-se planetas nesta área tão turbulenta.
"É fascinante pensar em planetas que se formam tão perto de um buraco negro", disse Avi Loeb, co-autor do estudo publicado no jornal Nature. "Se a nossa civilização habitasse um desses planetas, poderíamos testar muito melhor a teoria da gravidade de Einstein, e obter energia limpa atirando o nosso lixo para o buraco negro."
Fonte: CFA press
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