Na gruta de Denisova, nos Montes Altai, na Sibéria, foram encontrados, em 2008, restos de um hominídeo (Homem de Denisova) que viveu entre 40 a 80 mil anos atrás. Era um parente próximo dos neandertais e conviveu com o homem moderno - Crédito: wikipédia
Uma equipa internacional de cientistas sequenciou o genoma completo dos denisovanos, a partir dos restos fósseis destes hominídeos, uma falange e dois dentes molares de uma menina que viveu nas montanhas Altai, entre 40 mil e 80 mil anos, e que foram encontrados na gruta de Denisova, na Sibéria, em 2008.
Os cientistas utilizaram um novo método que amplia as cadeias simples de ADN, obtendo um sequenciamento do genoma antigo de grande qualidade, como se fosse de uma pessoa ainda viva, revelando, por exemplo, que a menina tinha cabelos e olhos castanhos e pele escura. Além disso, confirmou que também eles, tal como os neandertais, se reproduziram com a nossa espécie, o Homo sapiens. O estudo foi publicado esta semana na revista Science.
A qualidade da análise genética a partir da falange desta criança denisovana, que viveu há 50 mil anos atrás, permitiu comparar o seu genoma directamente com os genomas de humanos modernos vivos, para estudar o contributo destes hominídeos na carga genética de algumas populações actuais. Daqui resultou um catálogo quase completo do pequeno número de alterações genéticas que tornaram os homens modernos distintos dos Denisovanos, que eram parentes próximos do homem de Neandertal.
O novo genoma, de maior qualidade, obtido pelos cientistas conseguiu ampliar a lista de genes que mudaram no homem moderno em relação ao primitivo. Em 2010 eram 80, agora foram localizados cerca de 260 genes com mutações. No entanto, ainda é preciso investigar o significado de cada um desses genes, para poder compreender o seu papel na evolução humana.
A pesquisa também permitiu descobrir que os denisovanos tinham uma baixa diversidade genética e que diminuiu bastante há 400 mil anos atrás, reflectindo pequenas populações na época. Segundo os cientistas, o grupo que chegou à gruta de Denisova, onde foram encontrados os fósseis, possivelmente era constituído pelos últimos que restavam desta população, que viveu por toda a Ásia.
Os cientistas pretendem utilizar a mesma técnica em relação ao genoma dos neandertais, de quem existem vários restos, para esclarecer as relações entre estes hominídios primitivos, os neandertais e homem moderno e tentar conhecer melhor a história evolutiva humana.
Fonte: Science e El Mundo.es
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