Morcego raposa-voadora de grande tamanho Pteropus poliocephalus, nativo da Austrália. Em 2009, morreram cerca de 30.000 animais deste género na Austrália, devido a factores climáticos adversos - Crédito: wikipédia
As alterações climáticas ameaçam o futuro de muitas espécies de morcegos, alertam os cientistas. Um estudo, publicado na revista científica Mammal Review, denuncia os efeitos das mudanças de temperatura nestes mamíferos e admite que podem ser muito piores, se a temperatura continua a aumentar. Estas espécies são consideradas muito importantes pelo papel ecológico e económico que desempenham no ambiente, especialmente por ajudarem a controlar os insectos e a polinizar e dispersar as sementes de um grande número de plantas.
Uma equipa de investigadores analisou como o aumento de temperatura pode afectar diversas espécies de morcegos, da Europa e América do Norte, e concluiu que a alimentação, o tamanho dos morcegos, a sua dispersão e os locais de reprodução já estão a ser afectados. Como um em cada cinco mamíferos do planeta é morcego, as proporções dos danos causados poderão ser muito grandes, segundo os cientistas.
Os morcegos vão precisar de se deslocar maiores áreas para se alimentarem e encontrarem água. Eles são mais vulneráveis à desidratação do que outros mamíferos, pois têm uma taxa de evaporação muito superior devido à grande superfície das suas membranas alares.
Embora os morcegos consigam voar e percorrer maiores distâncias do que a maioria dos mamíferos terrestres, o impacte das temperaturas pode diminuir a área que conseguem alcançar. Além disso, o aumento das temperaturas fará acordar os morcegos mais cedo da sua hibernação e do torpor, que é uma forma de descanso que ajuda os animais a conservar energia.
Os pesquisadores afirmam que, 38 das 47 espécies investigadas estão em risco devido a estes factores climáticos. Destas, 11 vivem em grutas e árvores, locais onde se sente mais a variação de temperatura.
Morcegos raposas-voadoras bebés órfãos (entre 2 e 3 semanas) são cuidados no Bat Hospital (Hospital dos morcegos), no Wildcare Australia - Crédito: wikipédia
Quando combinados, os factores de risco que afectam os morcegos podem ter consequências muito graves. Muitas das espécies de morcego já vivem em latitudes e altitudes mais altas, e as alterações climáticas vão deixá-los sem ter para onde ir.
Uma maior frequência de secas e ondas de calor também pode acabar com as populações locais de morcegos, como aconteceu na Austrália, onde morreram mais de 30 mil raposas-voadoras, um dos maiores tipos de morcego do género Pteropus, durante 19 episódios de temperatura extremas no país, escrevem os autores no seu estudo.
Todas as espécies de morcegos investigadas pelos pesquisadores já estão listados pela União Internacional para a Conservação da Natureza como "quase ameaçado", "vulnerável" ou "em perigo".
Fonte: Publico.Pt e BBC Nature
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