Sequência de imagens, em cor falsa, obtidas pela sonda Cassini da NASA, mostrando a cobertura de nuvens dissipando-se sobre o pólo norte da lua de Saturno, Titã. As imagens, foram obtidas pelo espectrómetro de mapeamento visual e infravermelho (VIMS) da Cassini, entre 2006 e 2009, quando Titã estava a transitar do inverno para a primavera, no hemisfério norte. Em 2006, a nuvem polar norte apareceu densa e opaca. Mas nas imagens próximas do equinócio de 2009, quando o sol estava directamente sobre os equadores de Saturno e Titã e o inverno do norte foi transformando-se em primavera, a nuvem apareceu muito mais fina e dispersa, o que permitiu aos cientistas ver os lagos e os mares do norte, incluindo Mare Kraken. Nas imagens de cor falsa, os mares do norte e lagos na superfície, feitos de hidrocarbonetos líquidos, aparecem em cores escuras - Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona/CNRS/LPGNantes
Tal como acontece na Terra, também Titã, a maior lua de Satuno, muda com as estações e até mesmo durante o dia.
Um conjunto de trabalhos científicos recentes, muitos dos quais baseados em dados da sonda Cassini, revelam novos detalhes das mudanças de Titã e a sua semelhança com o nosso planeta.
No seu conjunto, os trabalhos, publicados na revista Planetary and Space Science, numa secção especial intitulada "Titã através do Tempo", mostram em pormenor "como a atmosfera e a superfície de Titã se comportam como as da Terra - com nuvens, chuva, vales de rios e lagos. Eles mostram que as estações também mudam em Titã, embora de maneiras inesperadas".
Um dos trabalhos destaca o tipo de mudanças sazonais que ocorrem em Titã, através de um conjunto de imagens das nuvens polares norte.
Série de imagens, em cor falsa, obtidas pela sonda Cassini, da NASA, mostrando vários pontos de vista da nuvem do norte polar que cobre a lua de Saturno, Titã, entre 2006 e 2009. As imagens podem ser vistas do lado esquerdo de cada par de imagens, com a mesma imagem reprojectada sobre um globo de Titã, à direita. A imagem global mostra o pólo norte de Titã, no centro. Outras partes do globo de Titã estão preenchidas com dados das câmaras de imagem da Cassini e de instrumentos de radar - Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona/CNRS/LPGNantes/SSI
Uma selecção de imagens colhidas pela sonda Cassini, através do espectrómetro visual e infravermelho durante cinco anos, mostra como a nuvem polar se dissipou e retirou à medida que o inverno dava lugar à primavera no hemisfério norte.
Cassini detectou pela primeira vez a nuvem polar, que os cientistas pensam ser composta de etano, logo após a sua chegada ao sistema de Saturno, em 2004. Ao observar o pólo norte, em Dezembro de 2006, a nuvem cobria-o completamente até cerca de 55 graus de latitude norte. No entanto, perto do equinócio de 2009, a cobertura de nuvens tinha tantas lacunas que permitiram que a sonda Cassini observasse o mar de hidrocarbonetos, conhecido por Kraken Mare, e lagos vizinhos, na zona polar norte.
Noutro trabalho incidindo sobre as temperaturas da superfície da Titã, os dados da sonda Cassini revelaram que as temperaturas na superfície da lua sofrem mudanças sazonais e, pela primeira vez, os cientistas notam que também se alteram durante o dia (cerca de 16 dias da Terra), sendo mais elevadas no final da tarde do que ao amanhecer, tal como na Terra, embora com uma diferença menor em Titã, cerca de 1,5º Kelvin.
Um terceiro trabalho publicado apresenta um conjunto de modelos do interior de Titã e que foram comparados com os novos dados de rádio adquiridos por Cassini.
A ilustração mostra um possível modelo da estrutura interna de Titã, que incorpora os dados de rádio da sonda Cassini, da NASA. Pode ver-se, também, uma representação de Cassini em voo rasante sobre o topo de nuvens de Titã, com Saturno e Enceladus à vista, no canto superior direito - Crédito: A. D. Fortes/UCL/STFC
A imagem ilustra um possível modelo da estrutura interna de Titã, que incorpora os dados de rádio da sonda Cassini da NASA. Neste modelo, o interior de Titã é totalmente diferenciado, o que significa que o núcleo denso da lua está separado das partes exteriores. Isto significa que o núcleo é mais denso do que as partes exteriores da lua, embora menos denso do que o esperado. Isto pode ser porque o núcleo ainda contém uma grande quantidade de gelo ou porque as rochas reagiram com água para formar minerais de baixa densidade.
O modelo propõe um núcleo constituído inteiramente por rochas contendo água e um oceano subterrâneo de água líquida. O manto, nesta imagem, é feito de camadas de gelo, uma de gelo de alta pressão mais perto do núcleo e uma camada exterior de gelo na parte superior do oceano.
A Terra e os outros planetas terrestres são totalmente diferenciadas e têm um núcleo de ferro denso. Este modelo, desenvolvido por Dominic Fortes, um pesquisador da University College London, Inglaterra, no entanto, exclui um núcleo metálico no interior de Titã e concorda com os dados do magnetómetro da Cassini que sugere um interior rochoso, relativamente fresco e húmido. O novo modelo também destaca a dificuldade em explicar a presença de gases importantes na atmosfera de Titã, nomeadamente o metano e o árgon-40, pois tudo indica que eles não podem escapar do núcleo.
Fonte: NASA
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