Os pesquisadores dataram a floresta fóssil com uma idade de 298 milhões de anos, no início do Permiano, quando os continentes tinham uma distribuições muito diferente da de hoje. A Europa actual e a América estavam unidas e China ficava num continente afastado. O clima era semelhante ao ao actual - Fonte: wikipédia
Uma floresta com quase 300 milhões de anos foi encontrada numa mina no norte da China. A floresta de fetos arbóreos foi coberta e preservada por cinzas vulcânicas, como aconteceu com a cidade romana de Pompeia, sepultada pelas cinzas do Vesúvio durante a erupção de 79 d.C.
O estudo desta jazida fóssil, de grande extensão, está descrito na revista Proceedings of the Natural Academy of Sciences desta semana e permitiu reconstruir a composição botânica e a estrutura de uma floresta do início do Pérmico, fornecendo pistas sobre o clima da época e ajudando a compreender melhor a evolução das florestas da Terra numa altura em que ainda não havia flores.
Os cientistas dataram a camada de cinzas de aproximadamente 298 milhões de anos atrás, quando a Terra se encontrava no início do período Pérmico, antes da era dos dinossauros. O nosso planeta era dominado por anfíbios e fetos com porte de árvore. As placas tectónicas moviam-se para formar o grande continente Pangeia. A América do Norte e Europa, estavam unidas, e a China existia em dois continentes menores separados.
Dimetrodon gigas e Eryops megacephalus, anfíbios do início do período Pérmico - Fonte: wikipédia
O local arqueológico que os cientistas chineses e americanos estudaram, na região da antiga Mongólia, no Norte da China, era na altura um desses pequenos continentes, que se situava em latitudes tropicais, no Hemisfério Norte. Era um terreno pantanoso, semelhante às actuais turfeiras, onde prosperavam plantas primitivas como fetos atrbóreos e outras plantas de grandes dimensões mas pouco parecidas às árvores actuais, ainda não existiam as coníferas nem as plantas com flor.
Os investigadores analisaram 1000 metros quadrados de área florestal em três sítios diferentes. Identificaram seis grupos de plantas, com fetos arbóreos numa camada mais baixa e um dossel mais alto composto por espécies do grupo Cordaites - uma conífera primitiva - e do grupo Sigillaria, um tipo de plantas relacionadas com os actuais musgos, produtoras de esporos e que atingiam um tamanho arbóreo. As copas mais altas podiam ter 25 metros de altura. Encontraram também exemplares quase completos de três espécies do grupo Noeggerathiales, árvores produtoras de esporos e sem descendentes na actualidade, para além de folhas, ramos, troncos e cones frutíferos integralmente conservados (ver imagens dos fósseis vegetais encontrados).
No seu estudo, os cientistas salientam o extraordinário estado de conservação da floresta fossilizada. Segundo eles, a erupção vulcânica cobriu toda a floresta com grandes quantidades de cinza em poucos dias. Todas as árvores caíram rapidamente no local onde cresceram e ficaram protegidas de qualquer perturbação.
Eles identificaram as espécies e puderam usar a sua localização actual para entender como se distribuíam na floresta original, reconstruindo assim a estrutura e a ecologia da floresta antiga. O que os investigadores encontraram mostra como era aquele pântano do Pérmico.
"É como uma cápsula do tempo", afirmou Hermann Pfefferkorn, da Universidade de Pennsylvania e que participou no estudo. Para este cientista, esta floresta permitirá um maior conhecimento sobre a dinâmica dos ecossistemas antigos e sobre as alterações de vegetação dos nossos dias. Sozinha não pode explicar como as alterações climáticas afectam a vida na Terra, pois capta apenas um momento na história da Terra, mas ajuda a fornecer um contexto valioso.
Fonte: Publicopt / El Mundo.es / Penn News
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