A animação mostra Vénus, um planeta muito parecido com a Terra em massa e tamanho, mas com uma atmosfera de nuvens de ácido sulfúrico e temperaturas de superfície superiores a 460 º C. Venus Express está a ajudar os cientistas a compreender como um planeta com características físicas semelhantes à Terra evoluiu de uma forma tão fundamentalmente diferente
A nave espacial Venus Express, da ESA, descobriu que o planeta Vénus gira mais devagar do que foi medido anteriormente, logo o seu dia é um pouco maior do que nessa altura.
Observando a superfície do planeta em infravermelho, para penetrar a espessa camada de nuvens, os cientistas verificaram que algumas das estruturas superficiais estavem deslocados do lugar onde deveriam estar à velocidade de rotação medida pela sonda Magalhães, da NASA, no início da década de 1990.
Nas décadas de 1980 e 1990, as sondas Venera e Magalhães fizeram mapas de radar da superfície de Vénus, dando a primeira visão global detalhada do planeta. Durante a sua missão de quatro anos, a sonda Magalhães conseguiu determinar a duração do dia em Vénus como sendo igual a 243.0185 dias terrestres.
Mapa topográfico de Vénus por radar (cor falsa), elaborado pela sonda Magalhães, entre 1990 e 1994 - Fonte: wikipédia
No entanto, as mesmas estruturas vistas por Venus Express, cerca de 16 anos mais tarde, só poderiam coincidir com as de Magalhães se os seus dias fossem, em média, 6,5 minutos mais longos do que o calculado. Estes resultados também estão de acordo com medições recentes de longa duração de radar a partir da Terra.
O nosso planeta experimenta um efeito semelhante, em grande parte causado pelo vento e marés. O comprimento de um dia na Terra pode mudar em cerca de um milissegundo por ano, dependendo dos padrões de vento e temperaturas ao longo desse período.
Missão Venus Express em órbita de Vénus desde 2006, para estudar o planeta e a sua atmosfera - Crédito: ESA
Modelos atmosféricos recentes mostraram que Vénus poderia ter ciclos climáticos que se estendem ao longo de décadas, o que poderia levar igualmente a alterações a longo prazo no período de rotação. Outros efeitos também podem interferir, como a troca de momento angular entre Vénus e a Terra, quando os dois planetas estão relativamente próximos um do outro.
Para Håkan Svedhem, cientista do projecto, calcular a velocidade de rotação desse planeta ajudará a planejar futuras missões, porque "será preciso informação precisa para selecionar lugares de potenciais pousos".
Segundo a ESA, as medições detalhadas da Venus Express estão a ajudar a determinar se o núcleo de Vénus é sólido ou líquido, o que tornará mais fácil saber como se formou e como evoluiu.
Fonte: ESA
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