sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Observatório Chandra detecta um "furacão cósmico" num buraco negro estelar

Ilustração do sistema binário contendo um buraco negro de massa estelar, IGR J17091-3624. A forte gravidade do buraco negro, à esquerda, atrai o gás para longe de uma estrela companheira, à direita. Este gás forma um disco de gás quente em torno do buraco negro, e o vento é expulso deste disco - Crédito: NASA/CXC/M.Weiss

O Observatório Espacial de raios X Chandra, da NASA, detectou o vento mais rápido, alguma vez observado, com origem no disco em torno de um buraco negro estelar, um tipo de buraco negro que resulta do colapaso de estrelas muito massivas, normalmentre com uma massa 5 a 10 vezes a massa do Sol.
O buraco negro que produz este poderoso vento é conhecido como IGR J17091-3624, ou IGR J17091 (simplificado). É um sistema binário em que uma estrela semelhante ao Sol orbita o buraco negro. Encontra-se no bojo da nossa galáxia Via Láctea, a cerca de 28.000 anos-luz de distância da Terra.
"Isso é o equivalente cósmico dos ventos de um furacão de categoria cinco", disse Ashley Rei, da Universidade de Michigan, principal autor do estudo publicado, em 20 de Fevereiro de 2012, na revista The Astrophysical Journal Letters. "Não esperávamos ver esses ventos fortes vindos de um buraco negro como este."
O rapidíssimo vento move-se a cerca de 20 milhões de milhas por hora, ou cerca de três por cento da velocidade da luz, um valor que é quase dez vezes mais veloz do que já se viu num buraco negro estelar, e coincide com alguns dos ventos mais rápidos gerados por buracos negros supermassivos, que são corpos milhões ou biliões de vezes mais massivos.
Também se descobriu que o vento, que vem de um disco de gás em torno do buraco negro, pode estar a transportar para longe muito mais material do que aquele que o buraco negro está a capturar. Estima-se que mais de 95% da matéria do disco do buraco IGR J17091-3624 é expelida pelos ventos.
Ao contrário dos ventos de furacões na Terra, o vento de IGR J17091 sopra em muitas direcções diferentes, o que o distingue de um jacto, onde o material flui em feixes altamente focalizados e perpendiculares ao disco, muitas vezes, quase à velocidade da luz.
A alta velocidade do vento foi estimada a partir de um espectro feito pelo Chandra em 2011. Um espectro feito dois meses antes não mostrou qualquer evidência do vento de alta velocidade, provavelmente o vento não se forma de modo contínuo
Os astrónomos acreditam que os campos magnéticos dos discos de buracos negros são responsáveis ​​pela produção dos ventos e dos jactos. A geometria dos campos magnéticos e a velocidade com que o material cai para o buraco negro devem influenciar se se formam jactos ou ventos.
Fonte: NASA

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