Ilustração da possível estrutura interna da Titã, sugerida pelos dados da sonda Cassini, da NASA. Os cientistas têm tentado determinar o que está por baixo da atmosfera de Titã, rica em compostos orgânicos, e da crosta gelada. Os dados sugerem fortemente um oceano global subterrâneo, sobre uma camada de gelo de alta pressão e um núcleo de silicatos hidratados - Crédito: A. Tavani
Os dados recolhidos pela sonda Cassini revelaram que Titã, a maior lus de Saturno, pode conter uma camada de água líquida no seu interior, debaixo da capa de gelo.
Segundo o estudo publicado esta semana na revista Science, as deformações observadas no interior da lua, enquanto orbita Saturno sugerem que Titã alberga um oceano subterrâneo de água líquida.
A atracção gravitacional de Saturno provoca deformações ou marés sólidas em Titã que foram observadas pela sonda Cassini. Os dados da nave mostram que essas deformações podem atingir 10 metros de altura, o que mostra que Titã não é feito apenas de material rochoso sólido.
Se Titã fosse inteiramente sólido, os cientistas dizem que as deformações não seriam tão grandes, poderiam ir até cerca de um metro. Os líquidos movem-se mais facilmente, como acontece com as marés na Terra, resultado da atração gravitacional da nossa Lua e do Sol na superfície dos oceanos.
Para Luciano Iess, principal autor da publicação e membro da equipa Cassini, "a procura de água é um objectivo importante na exploração do Sistema Solar, e agora encontrou-se outro lugar onde ela é abundante".
Os pesquisadores conseguiram determinar a estrutura interna de lua, medindo as variações na deformação de Titã na sua órbita de 16 dias à volta de Saturno, durante 6 passagens rasantes da sonda entre 27 de Fevereiro de 2006 e 18 de Fevereiro de 2011.
O vídeo mostra as "marés" provocadas em Titã pela gravidade de Júpiter, de acordo com as observações da sonda Cassini.
Como a superfície de Titã é composta principalmente de gelo de água, abundante em luas exteriores do Sistema Solar, provavelmente o oceano interior de Titã é constituído principalmente por água líquida.
Segundo os cientistas, a presença desta camada subterrânea de água líquida em Titã não é um indicador para a própria vida, mas tem implicações na reposição do metano na superfície da lua. Um oceano de água líquida com amónia poderia ajudar o metano a atravessar a crosta e a libertá-lo do gelo. Além disso, também poderia servir de reservatório profundo para armazenar metano.
O clima de Titã apresenta um ciclo, semelhante ao ciclo da água na Terra, mas constituído por metano e que depende da abundância deste hidrocarboneto, que é rapidamente destruído na atmosfera da lua.
Fonte: NASA
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