No passado de Marte, a água esculpiu canais e transportou sedimentos formando deltas no interior de bacias. A análise espectral dos sedimentos, feita a partir de órbita, mostra que alguns destes sedimentos têm minerais que indicam alteração química por água. No Delta da cratera Jezero da figura, os sedimentos contêm argilas e carbonatos. A imagem foi obtida pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA - Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/JHU-APL
A Terra tem grandes reservas de água no seu interior, para além da superfície, e pensava-se que era o único planeta onde isso acontecia. Mas, uma nova investigação, baseada na análise do conteúdo de água de dois meteoritos do interior de Marte, indicou que a quantidade de água em algumas partes do manto de Marte é maior do que se estimava e pode ser semelhante à que existe no nosso planeta.
Para os cientistas, estes resultados ajudam a entender melhor a história geológica de Marte e explicam como o planeta teve água na sua superfície. Os dados levantam ainda a possibilidade de que Marte poderia ter vida sustentável.
Uma equipa de cientistas analisou meteoritos Shergottita que chegaram à Terra, depois de ejectados do planeta vermelho devido a violentos impactos, há cerca de 2.500 milhões de anos.
Estes meteoritos são muito pequenos e originaram-se pela fusão parcial do manto de Marte, a camada por baixo da crosta, cristalizando no subsolo pouco profundo e na superfície. A geoquímica do meteorito revela muitas informações sobre os processos geológicos que aconteceram no planeta.
Pedaço do meteorito Shergotty, um meteorito Shergottita histórico. Este meteorito marciano caiu no distrito de Gaya de Bihar, conhecido na Índia como Shergotty. O meteorito pesava 5 quilos e foi recuperado logo depois da queda. Deu o nome a outros meteoritos semelhantes - Fonte: wikipédia
Depois de analisar o conteúdo de água dos dois meteoritos, os investigadores determinaram que o manto onde os meteoritos se originaram continha entre 70 e 300 partes por milhão (ppm) de água. Em comparação, o manto da Terra tem cerca de 50-300 ppm de água.
Segundo os cientistas, "os resultados sugerem que a água foi incorporada durante a formação de Marte e que o planeta era capaz de armazenar água no interior durante a sua diferenciação".
Num passado distante, alguma dessa água subiu à superfície e a pesquisa sugere que os vulcões podem ter sido o principal veículo para conduzir a água até acima.
Há já algum tempo que vão sendo encontradas muitas evidências da presença de água líquida na superfície marciana, nomeadamente detectadas pelos robôs Spirit e Opportunity da NASA, que pousaram no planeta vermelho em 2004. Enquanto a Terra manteve a água à superfície, Marte perdeu a sua água ou ela congelou.
A procura de água no nosso Sistema Solar é um dos principais objectivos da ciência planetária e exploração espacial, pois a água desempenha um papel importante em muitos processos geológicos e é um dos ingredientes fundamentais para a existência de vida tal como a conhecemos.
A investigação foi publicada no jornal Geology, em 15 de Junho.
Fonte: Science Daily
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