Mamutes lanosos (Mammuthus primigenius) - Fonte: wikipédia
As últimas populações isoladas dos mamutes lanosos desapareceram há cerca de 4.000 anos, muito depois da extinção do Pleistoceno que dizimou grande parte da megafauna do mundo.
Não se sabe o que provocou o desaparecimento desses grandes mamíferos e vão sendo apontadas algumas hipóteses. Agora, um novo estudo sugere que os últimos mamutes desapareceram progressivamente, depois de um longo e lento declínio provocado por vários factores, como o aumento das temperaturas, alteração do seu habitat e a presença humana. Afirmações anteriores indicam que o mamute lanoso se terá extinguido de forma abrupta, em consequência, por exemplo, de doença, intervenção humana ou mesmo um problema climático.
O mamute lanudo (Mammuthus primigenius) vivia nas pastagens frias e secas do Hemisfério Norte, nas chamadas estepes de mamutes. Os seus restos são especialmente comuns em Beríngia, a ponte de terra que une o oeste do Alasca e o leste da Rússia, ligados pelo Estreito de Bering, mostrando que eram abundantes na região até 45.000 e 30.000 anos antes de nossa era.
No estudo publicado hoje na revista Nature Communications, o paleoecologista Glen MacDonald, da Universidade da Califórnia, Los Angeles, e os colegas seguiram o padrão de extinção do mamute de Beríngia.
Os investigadores combinaram dados geográficos dos restos de mamutes com datações por meio do uso do carbono 14, plantas pré-históricas e sítios arqueológicos para saber como variaram as populações de mamutes lanosos nos últimos 45.000 anos.
Os resultados mostram que os mamutes se extinguiram lentamente por influência de vários factores, nomeadamente as alterações climáticas, alteração do seu habitat e intervenção humana, até que desapareceram totalmente há 4.000 anos.
Segundo os investigadores, a mudança do clima frio do Pleistocene para um mais quente e húmido, provocou alterações drásticas no habitat dos mamutes, fazendo diminuir as suas populações.
O aumento das temperaturas levou a um declínio dos alimentos dos mamutes lanosos, como as gramíneas e os salgueiros, favorecendo o crescimento de coníferas e bétulas pouco nutrientes.
À medida que as florestas de coníferas se tornaram mais abundantes e se desenvolveram turfeiras pantanosas, aumentaram as dificuldades de movimentação dos mamutes que ficaram, cada vez mais, limitados no seu território e com pouco alimento. Os humanos pré-históricos que se deslocavam através de Beríngia nessa altura podem ter contribuido para o seu fim caçando os mamutes restantes, já enfraquecidos pelas alterações ambientais.
Para os cientistas, o declínio lento dos mamutes pode ser uma previsão do que pode acontecer às espécies modernas. "Os problemas que os mamutes enfrentaram com a mudança de clima, do habitat e a grande pressão humana, são exactamente os mesmos que as espécies enfrentam no século XXI. A grande diferença, é que tudo isto está a acontecer num ritmo muito acelerado, em comparação com os mamutes".
Fonte: Nature
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