A ilustração mostra as duas sondas Voyager, da NASA, numa região turbulenta do espaço conhecida como heliosfera, a camada exterior da bolha de partículas carregadas à volta do nosso Sol. Depois de mais de 33 anos de viagem, as duas naves espaciais Voyager em breve vão atingir o espaço interestelar, que é o espaço entre as estrelas - Crédito: NASA/JPL-Caltech
Os dados recebidos a partir da Voyager 1 indicam aos cientistas que a nave está próximo a entrar no espaço interestelar. Aumentou consideravelmente a intensidade das partículas carregadas vindas do exterior do sistema solar. As medições feitas pelos dois telescópios de alta energia a bordo da nave indicam que as partículas energéticas foram geradas por estrelas vizinhas que explodiram em supernovas.
Este aumento acentuado de partículas de alta energia foi previsto, e pode significar que a velha nave de 34 anos de idade chegou ao fim do Sistema Solar e está prestes a atingir o seu objectivo histórico e passar para o espaço exterior, embora não se saiba quando.
"As leis da física dizem que qualquer dia a Voyager será o primeiro objecto feito pelo homem a entrar no espaço interestelar, mas ainda não sabemos exactamente quando vai ser", disse Ed Stone, cientista do projecto Voyager, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "Os últimos dados indicam que estamos claramente numa nova região, onde as coisas estão a mudar mais rapidamente. É muito emocionante. Estamos a ficar próximos da fronteira do sistema solar."
Nos últimos três anos, a Voyager tem revelado um aumento constante no número de raios cósmicos que entram seus dois telescópios de alta energia, mas no mês passado as contagens subiram consideravelmente.
As naves Voyager estão a mover-se na direcção geral do centro da nossa galáxia Via Láctea. São os mais distantes "embaixadores" da humanidade. Voyager 1 está quase a entrar no espaço interestelar - Crédito: NASA/JPL-Caltech
A contagem de raios cósmicos é um dos três indicadores que a Nasa usa para determinar quando a sonda atravessou para o espaço interestelar.
O segundo é uma mudança na intensidade das partículas energéticas provenientes do nosso Sol, que Voyager detecta à sua volta. A quantidade destas partículas está a baixar, mas não de forma drástica, o que deverá acontecer quando a Voyager deixar o espaço dominado pela nossa estrela.
Um terceiro indicador será uma mudança na direcção das linhas de campo magnético, que deverão sofrer uma grande reorientação quando a Voyager entrar no espaço interestelar.
A Voyager 1, lançada a 5 de Setembro de 1977, viaja a cerca de 17 km por segundo, e está a 17,8 biliões de quilómetros da Terra. Os seus dados demoram 16 horas e 38 minutos a chegarem às antenas de recepção da NASA (Deep Space Network).
A Voyager 2 foi lançada mais cedo, a 20 de Agosto de 1977, mas foi mantida a um ritmo mais lento. Actualmente está a 14,7 biliões de quilómetros da Terra.
As duas naves tinham o objectivo inicial de estudar os planetas exteriores Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Terminado o seu estudo, em 1989, as naves foram enviadas para o espaço profundo, na direcção geral do centro da nossa galáxia Via Láctea.
Disco de Ouro - contendo sons e imagens seleccionados, como amostra da diversidade de vida e culturas da Terra e dirigidos a qualquer forma de vida extraterrestre - a bordo de cada uma das naves, Voyager 1 e Voyager 2 - Crédito: NASA/JPL-Caltech
A nave Voyager 1 está a seguir um curso de aproximação da estrela chamada AC 793888, na constelação de Camelopardalis. Daqui a 40.000 anos irá passar a uma distância de 1,6 anos-luz da estrela. A Voyager 2 segue na direcção de outra estrela de nome Ross 248. Dentro de 296.000 anos irá passar a 4,3 anos-luz de Sírius, a estrela mais brilhante do céu.
Quando isso acontecer, as naves já não estarão a funcionar pois as suas fontes de energia de plutónio vão terminar dentro de 10 a 15 anos, e os instrumentos deixam de transmitir.
Mesmo silenciosas, as naves Voyager continuam a sua missão de "embaixadores" da humanidade através da Via Láctea. Cada uma transporta um disco de ouro contendo a localização da Terra em relação a 14 pulsares, instruções como observar 115 imagens da Terra, saudações em 55 idiomas, sons de trovões, pássaros, músicas, etc.
Fonte: NASA e BBC news
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