Mais de um terço das raias estão ameaçadas de extinção pela pesca excessiva, como a raia-Leopardo (Himantura leoparda), de grande valor comercial, classificada como Vulnerável, na Lista Vermelha actualizada - Fonte: wikipédia
A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) apresentou a sua mais recente actualização, hoje (19 de Junho), véspera da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil (Rio+20).
A nova lista de espécies ameaçadas mostra que das 63.837 espécies avaliadas, 19.817 encontram-se ameaçadas de extinção, quase um terço do total, das quais 41% de anfibios, 33% de corais formadores de recifes, 25% of mamíferos, 13% de aves e 30% de coníferas.
A Lista Vermelha da UICN é um indicador importante da saúde da biodiversidade mundial e a sobrevivência de milhões de pessoas pode estar ameaçada pelo rápido declínio das espécies animais e vegetais do planeta
“A sustentabilidade é uma questão de vida ou morte para a população do planeta,” diz Julia Marton-Lefèvre, Directora Geral da UICN. “Um futuro sustentável não será possível sem conservarmos a diversidade biológica - as espécies animais e vegetais, os seus habitats e a sua genética - não somente por causa da natureza, mas também pelos 7 biliões de pessoas que dependem dela. A última Lista Vermelha da UICN é um alerta para os líderes mundiais que se reúnem no Rio para que salvem a rede vital do planeta."
A lista actualizada encontrou uma grande variedade de espécies recentemente ameaçadas ou em perigo e que são extremamente valiosas para os seus habitats e as pessoas que deles dependem.
A maioria da população nos países ricos depende principalmente de espécies domesticadas para a sua alimentação, no entanto milhões de outras pessoas no mundo dependem de espécies selvagens.
Os peixes de água doce, uma fonte de alimento importante, estão ameaçados por práticas pesqueiras insustentáveis e pela destruição do seu habitat pela poluição e construção de barragens.
A nível mundial, um quarto da produção pesqueira do interior encontra-se no continente Africano, mas 27% dos peixes de água-doce na África estão ameaçados de extinção, inclusive o Oreochromis karongae, uma fonte de alimento extremamente importante na região do Lago Malawi, que está a ser explorada em excesso.
Nos oceanos a situação também não é boa, o que pode ser problemático atendendo ao número de pessoas que vivem da pesca, que pode atingir cerca de 90% da população do litoral, em algumas regiões do mundo. A pesca excessiva já reduziu mais de 90% de alguns estoques de peixe comercial. Mais de um terço das raias estão ameaçadas de extinção, inclusive a raia-Leopardo (Himantura leoparda), de grande valor comercial, classificada como Vulnerável, devido à enorme degradação do seu hábitat e forte pressão pesqueira.
O comunicado da Lista Vermelha também refere que mais de 275 milhões de pessoas dependem dos recifes de coral para a sua alimentação, protecção da orla marítima e sobrevivência, mas a pesca excessiva afecta 55% dos recifes mundiais. A nova Lista da UICN descobriu, ainda, que 18% das garoupas, grandes peixes de recife economicamente importantes, estão ameaçadas. Torna-se essencial uma gestão sustentável dos recifes para assegurar a sobrevivência de milhões de pessoas.
No mínimo um terço da produção mundial de alimentos depende da polinização efectuada por insectos, morcegos e aves. Segundo a Lista Vermelha da UICN, 16% das borboletas endémicas da Europa estão ameaçadas. Os morcegos, polinizadores igualmente importantes, também estão em risco, com 18% ameaçados mundialmente.
A actualização apresenta quatro membros da família dos beija-flores, conhecidos pelos seus serviços de polinização, que actualmente estão em maior risco de extinção, dos quais o Garganta-Rosa-Brilhante (Heliodoxa gularis) é classificado como Vulnerável. Além de serem polinizadores importantes, os morcegos e os pássaros também ajudam a controlar a população de insectos que podem destruir plantações ou espalhar doenças.
A cobra-real (Ophiophagus hannah) está listada como Vulnerável devido à perda do habitat e à grande exploração para fins medicinais - Fonte: wikipédia
“Os serviços e o valor económico proporcionados pelas espécies são insubstituíveis e essenciais ao nosso bem-estar,” disse Jon Paul Rodríguez, Vice-Presidente da SSC (Comissão de Sobrevivência das Espécies) da UICN. “Se não vivermos dentro dos limites estabelecidos pela natureza e gerirmos os nossos recursos naturais de forma sustentável, mais e mais espécies serão levadas à extinção. Se ignorarmos a nossa responsabilidade, vamos comprometer a nossa própria sobrevivência.”
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