Imagem de Titã, em frente aos anéis de Saturno, onde a sonda Cassini observou a região escura de Shangri-La, a leste do local de pouso da sonda Huygens, em 9 de Agosto de 2011. O recente estudo indica que as manchas são de lagos de metano líquido - Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute
Uma nova análise dos dados da sonda Cassini revela que as manchas escuras observadas nos trópicos de Titã, a maior lua de Saturno, podem ser lagos de metano líquido, de acordo com o estudo publicado na revista científica Nature.
Até agora, os cientistas já tinham observado lagos de metano nos pólos de Titã, mas nunca nas regiões equatoriais, que na sua maioria são áridas e com grandes extensões de dunas.
As imagens da Cassini, que orbita Saturno desde 2004, permitiram detectar as manchas negras no equador de Titã, indicando a presença de um lago tropical de metano maior, com uma profundidade mínima de um metro, e um conjunto de lagos mais pequenos e menos profundos, semelhantes a pântanos terrestres.
Segundo Caitlin Griffith, principal autora do estudo e colaboradora da equipa Cassini na Universidade de Arizona, Tucson, o metano será fornecido a esses lagos a partir de um aquífero subterrâneo, o que pode explicar a existência de metano à superfície e que está constantemente a evaporar-se.
"O metano é uma base da química orgânica de Titã, que provavelmente produz moléculas interessantes como aminoácidos, os blocos de construção da vida", disse Caitlin Griffith.
Saber como se formam os lagos e pântanos de Titã ajuda os cientistas a perceber o clima da lua de Saturno. Semelhante ao ciclo hidrológico da Terra, Titã também tem um ciclo onde circula o metano em vez da água. Mas o metano é destruído, na atmosfera da lua, pela radiação ultravioleta, iniciando uma cadeia de complicadas reacções químicas orgânicas. No entanto, os modelos existentes até agora ainda não conseguiram explicar a grande abundância de metano.
Os modelos de circulação global de Titã dizem que o metano líquido evapora da região equatorial da lua e é transportado pelo vento para os pólos norte e sul, onde as temperaturas mais frias fazem condensar o metano, que cai para a superfície, formando os lagos polares. Na Terra, a água é igualmente transportada pela circulação, mas os oceanos também transportam água, contrariando os efeitos atmosféricos.
Lagos de metano e etano (a azul) no pólo norte de Titã, imagem de radar obtida pela sonda Cassini, em 2006 - Crédito: NASAPhotojournal
Os lagos tropicais detectados pelo espectrómetro da sonda Cassini mantiveram-se desde 2004. Apenas uma vez foi detectada a queda e evaporação de metano nas regiões equatoriais, e recentemente durante a época das chuvas. Por isso, os cientistas acham que os lagos tropicais não podem ser substancialmente repostos pela chuva de metano, e têm uma origem diferente.
De acordo com os investigadores, os lagos tropicais de Titã formaram-se à custa de grandes reservas subterrâneas de metano líquido, que tem fluído à superfície durante os últimos 10.000 anos, o que sugere que Titã tem uma fonte subterrânea de metano que chega até à superfície, o equivalente ao oásis na Terra, um local favorável à vida.
Fonte: NASA e Nature
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