terça-feira, 5 de abril de 2011

A radioactividade pode ameaçar a pesca mundial

A água utilizada para arrefecer, desde o exterior, os reactores nucleares japoneses danificados converteu-se em mais um resíduo nuclear em Fukushima. Parte dessa água contaminada conseguiu chegar até ao mar, o Oceano Pacífico, através de fendas abertas nos reactores.
Nos últimos dias, a filtração de água altamente contaminada obrigou a verter para o oceano cerca de 11.500 toneladas de água radioactiva, uma água de baixa radioactividade, segundo informações da empresa Tepco, responsável pelos reactores nucleares japoneses.
Contudo, embora essa água tenha uma baixa radioactividade, pode ter efeitos graves nos ecossistemas marinhos e recursos pesqueiros. Os cálculos da empresa indicam que o impacto sobre um adulto que comesse peixe de água contaminada seria de 0,6 milisieverts por ano, 25% da dose anual de radiação que a população está exposta na natureza. Segundo os especialistas, a curto prazo pode não ser problemático, mas pode converter-se numa ameaça nos próximos anos, devido ao efeito cumulativo. A curto prazo, é mais grave a contaminação de alguns vegetais e da água potável.
O grande problema é que as correntes oceânicas transportam as partículas radioactivas por todo o mundo, entrando na cadeia trófica e vão-se acumulando nos organismos. Já foram detectados níveis de radioactividade que "não são tão mínimos" na costa leste dos Estados Unidos.
O maior perigo está na acumulação das partículas de vida longa, e não só para os consumidores de peixe japoneses. Alguns especialistas referem que a presença de césio é uma ameaça para a pesca mundial a longo prazo. Amaior parte das partículas vertidas no mar são de Iodo-131 e não preocupam muito as autoridades, pois tornam-se inofensivas em 40 dias. No entanto, também se detectou a presença de césio-137, cuja vida média é de 30 anos e leva cerca de 150 anos a tornar-se inofensivo.
A radioactividade é cumulativa, o que é grave sobretudo para os níveis tróficos mais próximos do topo da cadeia alimentar. Predadores como o atum e o peixe espada retêm as partículas radioactivas das presas que comem durante a sua vida. A sua radioactividade vai aumentando de forma constante. Tudo isto implica cuidadosas medidas preventivas, como um maior controle dos produtos marinhos utilizados na nossa alimentação.
Fonte imagem: wikipédia
Fonte: El Mundo.es

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