sábado, 30 de abril de 2011

Europa pode estar a mergulhar por baixo de África

Um estudo de geofísicos holandeses sugere que a Europa pode estar começando a mergulhar sob a África, dando origem a uma nova zona de subducção, o que aumenta o risco de actividade sismica no Mediterrâneo, como terramotos e tsunamis.

Mar Mediterrâneo (Europa à esquerda e África à Direita) - Fonte: wikipédia

As zonas de subducção formam-se quando placas tectónicas colidem, com uma placa mergulhando, no manto terrestre, por baixo da outra. Às vezes essas colisões são graduais, mas frequentemente elas ocorrem em grandes saltos, desencadeando terramotos. Geralmente as zonas de subducção estão localizadas no leito marinho, por isso os terramotos também originam tsunamis, tal como aconteceu no Japão, em Março deste ano, e em Sumatra em 2004.
Há milhões de anos que a placa Africana, que contém parte do leito do Mediterrâneo, se desloca para norte, em direcção à placa Eurasiática, cerca de um centímetro por ano.
Estudando os terramotos na região, os cientistas acreditam que pode estar a formar-se uma nova zona de subducção no ponto de encontro das duas placas, ao longo da costa da Argélia e do norte da Sicília.
Para Rinus Wortel, líder do estudo e geofísico da Universidade de Utrecht, na Holanda, “A formação de novas zonas de subducção é muito raro”.

Placas tectónicas - Fonte: wikipédia

No entanto, de acordo com Wortel, há cerca de 30 milhões de anos, a situação era oposta, era a placa africana que mergulhava sob a eurasiana, ao longo de uma ampla zona de subducção no Mediterrâneo ocidental.
Como as placas continuaram a convergir, foram-se acumulando tensões tectónicas. Parte dessa tensão foi aliviada quando a placa eurasiática se dobrou para produzir as cordilheiras dos Alpes, do Cáucaso e de Zagros.
Agora, segundo a equipa de Wortel, a subducção recomeçou, mas com a Europa deslizando para baixo da África. A descoberta foi anunciada durante a reunião da União de Geociência da Europa, em Viena.
Para Wortel, a formação de uma zona de subducção é um processo lento: “Acontecem numa escala de tempo de vários milhões de anos”. O cientista acredita que os dados podem implicar que o risco de terramoto no oeste do Mediterrâneo vem sendo subestimado, e pode estar aumentando.

Localização potencial do epicentro do terramoto de 1755, que destruiu Lisboa, e tempos de chegada do tsunami, em horas após o sismo - Fonte: wikipédia

O Mediterrâneo não é considerada uma região de grande actividade sísmica, não da grandeza do que aconteceu no Japão, no entanto o risco pode existir.
Em 1908, morreram 70.000 pessoas em Messina, quando um terramoto de magnitude 7,1 causou ondas com altura estimada de 12 metros.
E em 1755, a oeste de Gibraltar, um dos mais devastadores terramotos da história europeia destruiu Lisboa, originando uma onda gigante que matou mais de 100.000 pessoas.
Fonte: ÚltimoSegundo

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