domingo, 10 de abril de 2011

Missão Kepler ajuda a revelar a estrutura interna das estrelas gigantes vermelhas

Usando medições de alta precisão do brilho de estrelas gigantes vermelhas, obtidas pela sonda Kepler, os cientistas foram capazes de distinguir diferenças profundas no interior do núcleo das estrelas.
Esta nova descoberta, publicada na última edição da revista Nature, pode ajudar os cientistas a separar os diferentes tipos de gigantes vermelhas que exteriormente parecem idênticas, contribuindo para um melhor entendimento do futuro do nosso Sol e a história da galáxia. Daqui a cerca de 5 biliões de anos, o Sol vai aumentar o seu tamanho, tornando-se numa gigante vermelha.

O estudo cuidadoso das oscilações de muitas estrelas dá indicações sobre a evolução estelar de estrelas como o nosso Sol, começando no canto inferior esquerdo (etapa1) em que a estrela obtém energia através da fusão nuclear do hidrogénio, formando-se hélio (etapa 1).Em fases posteriores, a estrela vai fundir o hidrogénio de um reservatório à volta do núcleo de hélio (etapas 2 e 3), onde o reservatório se expande até tamanhos de gigante vermelha. Finalmente, a gigante vermelha começará a fusão do hélio do seu núcleo e que se transforma em carbono (etapa 4) - Exteriormente não é possível distinguir uma estrela com fusão de hidrogénio de reservatório, de uma estrela com fusão nuclear de hélio - Crédito: Thomas Kallinger, University of British Columbia and University of Vienna

As estrelas gigantes são estrelas dilatadas numa fase mais adiantada da sua evolução e que esgotaram o suprimento de hidrogénio nos núcleos, a fonte primária de combustível para a fusão nuclear. Com o tempo, o produto da fusão nuclear, o hélio, vai-se acunulando no núcleo, forçando o hidrogénio para dentro de um reservatório à volta do núcleo, queimando mais rapidamente que antes. Perto do final de vida, as gigantes vermelhas começam a queimar o hélio no seu núcleo.
Daqui a quatro ou cinco biliões de anos, a órbita actual da Terra não será um bom lugar para se estar, quando o Sol passar a ser uma gigante vermelha, antes de se transformar numa anã branca.

O núcleo destas estrelas gigantes vermelhas diz-nos exactamente o que vai acontecer com o nosso Sol quando ele envelhecer.

Analisando o brilho de centenas de gigantes vermelhas, o telescópio Kepler permitiu abrir um caminho até ao núcleo dessas estrelas. As mudanças de brilho na superfície de uma estrela resultam de movimentos turbulentos no interior e que causam tremores contínuos nas estrelas, "starquakes", criando ondas sonoras que se deslocam para o interior e regressam à superfície.
Em determinadas condições, estas ondas interagem com outras ondas presas dentro do núcleo de hélio da estrela. A forma como essas ondas sonoras interagem pode alterar o seu brilho, alteração que os cientistas podem observar e que depende da estrutura dos núcleos das estrelas. Este estudo faz parte da Astrossismologia, que utiliza "terramotos nas estrelas" para explorar a estrutura interna das estrelas, assim como a Geologia usa os terramotos para conhecer o interior da Terra.
Fonte: NASA/Kepler

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