quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Éris, o planeta-anão gémeo de Plutão

Ilustração do distante planeta-anão Éris. Novas observações mostraram que Éris tem quase o mesmo tamanho de Plutão. Éris é extremamente reflector e sua superfície está coberta de gelo, provavelmente formado a partir de restos congelados de sua atmosfera - Crédito: ESO/L. Calçada

Astrónomos mediram, pela primeira vez e de modo preciso o diâmetro de Éris, o longínquo planeta-anão do Sistema Solar, no momento em que ele passou em frente de uma estrela de luminosidade baixa, evento conhecido por ocultação (da estrela que foi temporariamente tapada).
A ocultação da estrela ténue, pelo planeta-anão Éris, ocorreu no final de 2010 e foi acompanhada através de vários telescópios, em diversos locais da Terra. As observações indicam que Éris tem uma forma praticamente esférica e é um gémeo quase perfeito de Plutão, em termos de tamanho.
O novo diâmetro calculado para Éris é de 2326 quilómetros com uma precisão de 12 quilómetros, o que torna o seu tamanho melhor conhecido que o de Plutão, que tem um diâmetro estimado entre 2300 e 2400 quilómetros. O diâmetro de Plutão é mais difícil de medir devido à sua atmosfera que torna impossível detectar directamente o seu bordo utilizando ocultações.
Éris foi descoberto em 2003, a uma distância máxima de 15 mil milhões de quilómetros do Sol, mais longe do que Plutão, na cintura de Kuiper, uma zona para lá de Neptuno repleta de objectos gelados. Éris tinha características de planeta tal como Plutão: era esférico, pensava-se que era um pouco maior do que Plutão, e mantinha uma órbita definida.
No antanto, a União Astronómica Internacional decidiu passar ambos à categoria de planeta-anão. A nova regra para que um astro seja considerado planeta exige que ele tenha que ser suficientemente grande para atrair os outros objectos à volta com a força da gravidade, o que não acontece com Éris e Plutão. Por causar esta alteração, o novo astro recebeu o nome de Éris, a deusa grega da discórdia. A sua lua tem o nome da deusa da desordem, Dysnomia, filha de Éris.
O movimento de Dysnomia, satélite de Èris, permitiu estimar a massa do planeta-anão, tendo-se descoberto que Éris é 27% mais pesado do que Plutão. Além disso, os resultados também mostram que a superfície de Éris é muito reflectora, reflectindo 96% da luz que o atinge. Esta valor corresponde a uma superfície ainda mais brilhante do que neve fresca na Terra, o que torna Éris um dos objectos do Sistema Solar mais reflectores, conjuntamente com a lua gelada de Saturno, Enceladus.

Ilustração do planeta-anão Eris, ao fundo, a sua lua Dysnomia em primeiro plano - Crédito: ESO/L. Calçada

A superfície brilhante de Éris é muito provavelmente composta por uma mistura de gelo, rico em azoto e metano gelado - como indica o espectro do planeta - que cobre todo o planeta, formando uma camada de gelo fina muito reflectora, com menos de um milímetro de espessura. Provavelmente, Éris é um "grande corpo rochoso coberto por um manto relativamente fino de gelo".
Segundo os cientistas, "Esta camada de gelo pode ter resultado da condensação, em gelo, da atmosfera de azoto ou metano do planeta-anão, que atinge a superfície à medida que o planeta se afasta do Sol, ao longo da sua órbita alongada, e entra num ambiente cada vez mais frio". Posteriormente, o gelo pode transformar-se novamente em gás, à medida que Éris se aproxima do ponto mais próximo do Sol, a uma distância de cerca de 5.7 mil milhões de quilómetros. A temperatura estimada para a superfície de Éris iluminada pelo Sol é, no máximo, de -238ºC e menor para o lado escurecido do planeta anão.
Os resultados deste estudo estão publicados na revista Nature.
Fonte: ESO

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