segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Branca de Neve, o distante planeta anão gelado e vermelho

Astrónomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia descobriram que o planeta anão 2007 OR10, apelidado de Branca de Neve, é um mundo gelado, com cerca de metade da superfície coberta de gelo de água e, além disso, a sua cor vermelha pode ser devida à presença de uma fina camada de metano, que constitui os restos de uma atmosfera que está lentamente a perder-se no espaço.

Ilustração do planeta anão 2007 OR10, também conhecido por Branca de Neve (Snow White). Os astrónomos acham que a sua cor vermelha se deve à presença de metano irradiado - Crédito: NASA

Segundo Mike Brown, professor de astronomia planetária e principal autor de um artigo a ser publicado no jornal Astrophysical Journal Letters, 2007 OR10 já foi um planeta activo com vulcões de água e uma atmosfera.
Branca de Neve, que foi descoberto por Mike Brown e a sua equipa, orbita o Sol na borda do Sistema Solar e tem aproximadamente metade do tamanho de Plutão, sendo o quinto maior planeta anão. Na altura da descoberta, Brown considerou, incorrectamente, que era um corpo gelado que se tinha originado a partir de outro planeta anão Haumea de "cor branca", daí o nome de Branca de Neve.
Observações posteriores mostraram que Branca de Neve é ​​realmente um dos objectos mais vermelhos no Sistema Solar. Os planetas anões distantes fazem parte de um grupo maior de corpos gelados do Cinturão de Kuiper, chamados Objectos (KBOs). Branca de Neve é um dos mais de 400 potenciais planetas anões entre centenas de milhares de KBOs.

Ilustração de alguns planetas anões mais distantes que Neptuno.- Fonte: wikipédia

O facto do planeta ser vermelho e estar coberto de gelo de água chamou a atenção, pois o gelo é comum no Sistema Solar exterior, mas é quase sempre branco. Mas, como o espectro de 2007 OR10 é parecido com o de Quaoar, outro planeta anão que também é vermelho e coberto de gelo de água e que Brown ajudou a descobrir em 2002, isto sugere que o que aconteceu em Quaoar também aconteceu em 2007 OR10.
Quaoar é ligeiramente menor do que Branca de Neve, mas ainda é grande o suficiente para ter tido uma atmosfera e uma superfície coberta de vulcões com fluxo de lama e gelo que depois congelou.
No entanto, Quaoar não é tão grande de modo que a sua gravidade possa prender na atmosfera, por muito tempo, compostos voláteis como o metano, monóxido de carbono ou azoto. Um par de biliões de anos depois de formado, ele começou a perder a sua atmosfera para o espaço, restando apenas algum metano. Ao longo do tempo, a exposição à radiação do espaço transformou o metano, formado por um átomo de carbono ligado a quatro átomos de hidrogénio, em longas cadeias de hidrocarbonetos, que parecem vermelhas e dão uma tonalidade rosada à superfície gelada de Quaoar.
Tudo indica que também Branca de Neve está a perder lentamente a sua atmosfera, desde que se formou há 4,5 biliões de anos. Embora o seu espectro indique que tem gelo de água, a evidência para o metano ainda não é definitiva. É necessária uma observação com um telescópio grande como o do Observatório Keck. Se for confirmada a presença de metano, Branca de Neve e Quaoar serão os únicos planetas anões na fronteira entre o conjunto de objectos grandes o suficiente para prender compostos voláteis, e os corpos menores que compõem a grande maioria de KBOs.
Fonte: California Institute of Technology (Caltech) /comunicado

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