segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Impactos de cometas e outros corpos celestes podem criar células básicas da vida, sugere um novo estudo

Júpiter visto a partir da superfície gelada da lua Europa. Este salélite natural tem condições ambientais favoráveis à criação de aminoácidos por colisão de cometas ou outros corpos espaciais, de acordo com o novo estudo - Crédito imagem: NASA / JPL-Caltech

Um novo estudo realizado por uma equipa de cientistas, da qual faz parte a astrobióloga portuguesa Zita Martins, sugere que os impactos violentos de cometas gelados num planeta podem produzir aminoácidos, os blocos de construção das proteínas que compõem os organismos vivos. Estes blocos essenciais da vida também podem ser produzidos quando os meteoritos e outras rochas espaciais colidem com a superfície gelada de um planeta.
Os pesquisadores descobriram que as colisões de alta velocidade desencadeiam ondas de choque intensas que podem transformar compostos orgânicos simples, como água e gelo de dióxido de carbono, encontrados em cometas e em mundos gelados em aminoácidos, o primeiro passo para a vida. São estes "blocos constituintes da vida" que estão na origem de moléculas mais complexas, como as proteínas, assim como os componentes do ADN, a molécula que contém o património genético dos seres vivos.
Embora os impactos de cometas e asteróides sejam associados à destruição da vida, os resultados mostram que também contribuíram para aumentar as oportunidades de vida no Sistema Solar.
Os cientistas do Imperial College London, da Universidade de Kent e Lawrence Livermore National Laboratory fizeram a descoberta ao reproduzirem o impacto de um cometa, disparando projécteis através de uma arma de alta velocidade em alvos de misturas de gelo, com composição semelhante ao dos cometas. Do impacto resultaram aminoácidos, tais como glicina e D-e L-alanina.
O estudo publicado neste domingo (15 de setembro de 2013), na versão online da revista Nature Geoscience, contribui também para o estudo do processo da criação da vida na Terra, possivelmente iniciado há cerca de quatro mil milhões de anos, quando o planeta foi bombardeado por cometas e meteoritos.
Já se sabe que os cometas, que têm gelo na sua composição, também podem conter aminoácidos. Recentemente, um comunicado da NASA confirmava a descoberta de glicina, o mais simples dos aminoácidos, no cometa 81P/Wild-2, através de amostras recolhidas pela nave espacial Stardust.
Agora, os novos resultados provam experimentalmente que os aminoácidos também podem aparecer como resultado dos impactos de corpos gelados (como cometas) em superfícies rochosas, e, igualmente, dos impactos de corpos rochosos em superfícies geladas (como os satélites jovianos e Saturno), de acordo com os investigadores.

Cometa 81P/Wild-2, imagem captada pela sonda Stardust, da NASA. Em Agosto de 2009, pesquisadores da agência espacial americana anunciaram a descoberta de glicina no cometa. Foi a primeira vez que um aminoácido é encontrado num cometa, apesar de já ter sido detectado em meteoritos - Crédito: wikipédia

Segundo a Dr Zita Martins, co-autora do artigo científico do Departamento de Ciências da Terra e Engenharia do Imperial College de Londres: "O nosso trabalho mostra que os blocos básicos da vida podem ser criados em qualquer lugar do Sistema Solar e talvez mais além. O problema é que esses blocos de construção precisam ter as condições adequadas para que a vida possa florescer".
Para os pesquisadores, a abundância de gelo na superfície de Enceladus e Europa, luas de Saturno e Júpiter respectivamente, poderia proporcionar um ambiente perfeito para a produção de aminoácidos. Também foram bombardeadas por cometas e asteróides há 4.000 milhões de anos. E salientam a importância de futuras missões espaciais para estas luas para procurar detectar sinais de vida.
Fonte: Publico.pt e ScienceDaily

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